sábado, 5 de fevereiro de 2011

O POVO VOTOU EM TIRIRICA OU EVERARDO BARBOSA O. SILVA?

Deputado mais votado nas últimas eleições(out/2010) e o segundo na História do Brasil, Tiririca(cantor, compositor, humorista e político) chega com a força de 1.353. 820 votos ao Congresso Nacional prometendo honrá-los. Com uma campanha baseado em bordões como: "Pior do que tá não fica. Vote em Tiririca". "O que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto". Tiririca se tornou o fenômeno da última eleição para deputado federal no nosso país.
Na verdade, quem o povo elegeu? Tiririca ou Everardo Barbosa? Se o povo votou em Tiririca, votou numa pessoa que não existe na realidade porque ele é um personagem criado pelo Everardo Barbosa. Tiririca não vai para Brasília representar o povo que o elegeu. Quem vai para a Câmara dos Deputados é Everardo Barbosa que é uma pessoa que poucas pessoas conhecem e que recebeu a incumbência de representar o Estado de São Paulo na Câmera Federal. Everardo Barbosa terá a mesma facilidade de se relacionar com as pessoas como tem Tiririca, pois na Câmara ele terá que discutir projetos e defendê-los, usar a tribuna, pertencer a alguma "comissão" da Câmara. No caso de uma CPI, como seria a sua atuação?
Talvez o deputado Everardo Barbosa não saiba, mas ele foi usado como ponta de lança para abrir caminho para outros três canditados da mesma coligação que ele, Tiririca, fazia parte. Com essa votação espressiva ( 1.353.820 votos) a coligação, além de eleger Everardo Barbosa, elegeu também Otoniel Lima (PRB-95.971votos), delegado Protógenes (PCdoB-94.906 votos) e Vanderlei Siraque (PT-93.314 votos). Esses deputados se dependessem dos votos que receberam não seriam eleitos. Milhares de eleitores paulistas elegerem quatro deputados federais sem conhecê-los e, pior ainda, sem saber que votaram neles.
Essa prática de colocar pessoas que têm um bom relacionamento com o povo, como Tiririca, é uma tática que os políticos desgastados pela corrupção, inoperância, envolvidos em escândalos encontraram para continuarem e/ou voltarem a ativa nos poderes legislativos e executivos por todo o Brasil. Por outro lado, esses canditados satisfazem a ira do povo em relação a política. Revoltados com os nossos representantes políticos, o povo acaba encontrando uma válvula de escape nesses candidatos como forma de protesto. Nessas circunstâncias, o povo já elegeu um índio (cacique Juruna), um estilista (Clodovil), cantores (Frank Aguiar), (Aguinaldo Timóteo) e tantos outros. Além de Tiririca, o povo resolveu colocar em Brasília o ex-jogador futebol Romário ( que afirmou em entrevista que detesta ler e escrever) e Danlei (ex-goleiro), o ator global (Stepan Nercessian), Jean Wyllis(ex-BBB) e Acelino Popó Freitas (ex-pugilista). Sem contar com os ex-deputados Hildebrando Pascoal (que matava seus desafetos esquartejados por uma motosserra) e Enéas com o seu famoso bordão: meu nome é Enéas! Como podemos ver, o Congresso Nacional é palco de miscelâneas psíquicas e irresposabilidades políticas. Até quando o brasileiro será o seu próprio algoz diante da política nacional? Quem mais o povo brasileiro colocará no Congresso Nacional? O mosquito da dengue ou da Malária? A Cuca do sítio do Pica-Pau Amarelo? Saci Pererê, O Boto, A Besta Fubana(do escritor palmarense Luis Berto)? Quem, afinal?

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

EGITO: ENTRE A DEMOCRACIA E OS COSTUMES




O mundo está de olho nas transformações políticas que estão o correndo no Egito nesses últimos dias e vêm chamando a atenção da imprensa internacional. Segundo os noticiários, a população egípcia pede a renúncia do presidente Hosni Mubarak, no poder há 30 anos, e a implantação de um regime baseado na democracia. Essa situação vem se alastrando por vários países do Oriente Médio como um efeito dominó. A queda do governante egípcio é uma questão de tempo, mas não em função do clamor popular, dos confrontos com a polícia e passeatas que ele vai cair. A população egípcia vem sofrendo pesados reveses da política econômica do governo Mubarak somada com uma alta taxa de desemprego, a falta de liberdade de expressão, política e ascensão social. A oposição aproveitando essa comoção social incentivou os protestos e agora tem a chance de chegar ao poder. Para isso, tem a ajuda do povo e também do exército egípcio numa clara traição dos generais aliados ao governo. Muitos chefes de Estado já se pronunciaram em relação a esse fato, inclusive apoiando a iniciativa do povo daquele país. Um desses chefes de Estado está o presidente Barak Obama, presidente dos EUA, utilizando-se de argumentos originários dos anais da democracia. Defender a Democracia é muito bom, muito bonito, mas, é preciso saber qual tipo de democracia essas pessoas e o próprio povo egípcio querem implantar naquela nação! Será que eles querem a democracia construída pelos EUA onde, de uma hora para outra, resolvem intervir em outros países destruindo-os para sustentar sua condição de império? Para provar isso, é só darmos uma olhada na história recente do Afeganistão e do Iraque, respectivamente.
Outra coisa extremamente importante e que a imprensa não vem destacando é que o Egito é um país que segue o Alcorão, ou seja, é um país islâmico e muito dos costumes e comportamentos são regidos pelo livro sagrado dos muçulmanos. Será que o regime democrático tem poder de transitar livremente sem contrariar as palavras de Alá? E as mulheres que vivem sob o regime do Alcorão terão sua condição de mulher reconhecida perante os homens e as leis islâmicas? Será que terão o direito de se defenderem de acusações de infidelidade conjugal (muitas vezes falsas) que as levam para a pena máxima: o apedrejamento em via pública? Será que terão o direito a liberdade de expressão, de pensamento, de trabalho, de estudar? Será que a oposição egípcia é favorável a essas idéias? Nos movimentos populares sempre há grupos de pessoas e até mesmo países que estão por trás dessas questões políticas incentivando essas manifestações com discursos, palavras de ordem e dinheiro, muito dinheiro. O povo sempre é usado como meio de se chegar ao poder não para beneficiá-lo, mas para escravizá-lo. A história da humanidade é repleta de exemplos. É estranho a imprensa não tocar nesse tema!
Para mudar um regime é preciso que aja um caminho para que o novo (regime) possa se movimentar. É preciso que as pessoas tenham liberdade para falar o que deve ser feito dentro da nova sociedade. É preciso que todos estejam livres para pensar no hoje e no amanhã. Que o desejo da maioria seja respeitado pela minoria, os direitos e deveres tenham o mesmo peso dentro da sociedade. A condição humana, dentro da democracia, é a principal condutora da vida em sociedade. Não basta querer a democracia, mas saber construí-la a cada dia e colocar dentro dela a vontade e a alma do povo. Qual o país que consegue atender a essas características e ser referência para o novo governo que se anuncia no Egito?