quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

EGITO: ENTRE A DEMOCRACIA E OS COSTUMES




O mundo está de olho nas transformações políticas que estão o correndo no Egito nesses últimos dias e vêm chamando a atenção da imprensa internacional. Segundo os noticiários, a população egípcia pede a renúncia do presidente Hosni Mubarak, no poder há 30 anos, e a implantação de um regime baseado na democracia. Essa situação vem se alastrando por vários países do Oriente Médio como um efeito dominó. A queda do governante egípcio é uma questão de tempo, mas não em função do clamor popular, dos confrontos com a polícia e passeatas que ele vai cair. A população egípcia vem sofrendo pesados reveses da política econômica do governo Mubarak somada com uma alta taxa de desemprego, a falta de liberdade de expressão, política e ascensão social. A oposição aproveitando essa comoção social incentivou os protestos e agora tem a chance de chegar ao poder. Para isso, tem a ajuda do povo e também do exército egípcio numa clara traição dos generais aliados ao governo. Muitos chefes de Estado já se pronunciaram em relação a esse fato, inclusive apoiando a iniciativa do povo daquele país. Um desses chefes de Estado está o presidente Barak Obama, presidente dos EUA, utilizando-se de argumentos originários dos anais da democracia. Defender a Democracia é muito bom, muito bonito, mas, é preciso saber qual tipo de democracia essas pessoas e o próprio povo egípcio querem implantar naquela nação! Será que eles querem a democracia construída pelos EUA onde, de uma hora para outra, resolvem intervir em outros países destruindo-os para sustentar sua condição de império? Para provar isso, é só darmos uma olhada na história recente do Afeganistão e do Iraque, respectivamente.
Outra coisa extremamente importante e que a imprensa não vem destacando é que o Egito é um país que segue o Alcorão, ou seja, é um país islâmico e muito dos costumes e comportamentos são regidos pelo livro sagrado dos muçulmanos. Será que o regime democrático tem poder de transitar livremente sem contrariar as palavras de Alá? E as mulheres que vivem sob o regime do Alcorão terão sua condição de mulher reconhecida perante os homens e as leis islâmicas? Será que terão o direito de se defenderem de acusações de infidelidade conjugal (muitas vezes falsas) que as levam para a pena máxima: o apedrejamento em via pública? Será que terão o direito a liberdade de expressão, de pensamento, de trabalho, de estudar? Será que a oposição egípcia é favorável a essas idéias? Nos movimentos populares sempre há grupos de pessoas e até mesmo países que estão por trás dessas questões políticas incentivando essas manifestações com discursos, palavras de ordem e dinheiro, muito dinheiro. O povo sempre é usado como meio de se chegar ao poder não para beneficiá-lo, mas para escravizá-lo. A história da humanidade é repleta de exemplos. É estranho a imprensa não tocar nesse tema!
Para mudar um regime é preciso que aja um caminho para que o novo (regime) possa se movimentar. É preciso que as pessoas tenham liberdade para falar o que deve ser feito dentro da nova sociedade. É preciso que todos estejam livres para pensar no hoje e no amanhã. Que o desejo da maioria seja respeitado pela minoria, os direitos e deveres tenham o mesmo peso dentro da sociedade. A condição humana, dentro da democracia, é a principal condutora da vida em sociedade. Não basta querer a democracia, mas saber construí-la a cada dia e colocar dentro dela a vontade e a alma do povo. Qual o país que consegue atender a essas características e ser referência para o novo governo que se anuncia no Egito?

Nenhum comentário:

Postar um comentário